Os avanços em pesquisas em biologia e saúde reprodutiva equina nos últimos anos contribuíram para melhorar a fertilidade e a eficiência na reprodução de éguas.
Essas pesquisas permitiram um potencial para um alto desempenho reprodutivo.
Entretanto, não podemos nos esquecer do básico!
Anatomia do Trato Reprodutivo da Égua
Um conhecimento prático da anatomia reprodutiva e fisiologia da égua é essencial em um programa de criação de cavalos.
A anatomia da égua é composta por:
- Vulva;
- Vagina;
- Cérvix;
- Útero (em formato de “T”);
- Ovidutos esquerdo e direito (sendo estes divididos em: infundíbulo, o qual é composto por fímbrias, ampola, o terço médio onde irá ocorrer a fertilização do oócito; e o istmo, que se comunica com o útero pela junção útero tubárica);
- Ovários esquerdo e direito.
Vulva
A vulva é a abertura externa do canal reprodutor. Consiste nos lábios, clitóris e vestíbulo.
A construção desta região é importante porque serve para proteger a égua da entrada de ar e outros contaminantes na vagina.
Vagina
A vagina consiste em um tubo revestido de membrana mucosa muscular que conecta o vestíbulo da vulva ao colo do útero.
Os tecidos vaginais devem ser extremamente elásticos e distensíveis para acomodar o pênis durante a reprodução e o potro durante o nascimento.
Cérvix
A cérvix tem como principal função oferecer proteção a cavidade uterina contra diversas contaminações que são então provenientes do meio externo.
Além disso, também possibilita o transporte de espermatozoides.
Útero
O útero é dividido em endométrio (camada glandular), mesométrio e miométrio. Ele é responsável por diversas funções, como por exemplo:
- Serve de passagem para os espermatozoides;
- Realiza a produção hormonal para regular a função do corpo lúteo (CL);
- Desenvolve inicialmente o embrião e sua fixação;
- Atua na manutenção da gestação e nas contrações durante o parto.
Ovários
Os ovários são bilaterais e nos equinos se apresentam em formato de “rim”. São responsáveis por produzir os gametas femininos (oócitos) através da gametogênese.
Ovidutos
Os ovidutos também são bilaterais e são responsáveis por captar o oócito. Essa captação ocorre através do infundíbulo, terço final do oviduto.
Após a captação do oócito, este será direcionado para a ampola através dos movimentos das fimbrias. Se houver espermatozóides viáveis na região da ampola poderá ocorrer a fertilização do oócito.
A ampola oferece um ambiente adequado para o desenvolvimento inicial do embrião.
Em torno de 6,5 dias após a ovulação, esse embrião entra no útero através da papila útero tubária, graças a ação da prostaglandina E (PGE), liberada pelo embrião.
A fixação do embrião ocorrerá no 15º, 16º dia após este percorrer toda a extensão do corpo uterino, sendo essa movimentação do embrião conhecida como reconhecimento materno da gestação.
Fisiologia da Reprodução de Éguas
As éguas são classificadas como poliéstricas estacionais de dias longos, ou seja, apresentam seu ciclo reprodutivo dividido em:
Estação não reprodutiva/anestro (durante outono/inverno) – Durante este tempo, elas não respondem à atenção do garanhão, seus ovários não desenvolvem nenhuma estrutura e há secreção mínima de hormônio ovariano.
Estação reprodutiva/estro (durante primavera/verão) – Assim que os dias ficam mais longos, as secreções hormonais ovarianas também aumentam. A égua começará a experimentar uma série de ciclos estrais.
Em ambiente natural, períodos de 15 a 16 horas de duração do dia (ou com estímulo luminoso), ocorre a diminuição da produção de melatonina.
Com a diminuição da produção e menor concentração da melatonina, ocorre a ativação do eixo pineal-hipotalâmico-hipofisário-gonadal da égua.
Quando esse eixo é ativado, o hipotálamo começa a produzir um hormônio chamado GnRH. Esse hormônio irá atuar na hipófise, estimulando a produção dos hormônios folículo-estimulantes (FSH) e luteinizante (LH).
Os receptores ovarianos respondem ao FSH e ao LH induzindo ao recrutamento, a seleção e a dominância folicular (LEY, 2006).
A fase folicular pode durar de 3 a 7 dias, sendo dominada por um ou mais folículos pré-ovulatórios grandes (>30mm), liberando o estrógeno e gerando os sinais comportamentais do cio, como por exemplo a receptividade ao garanhão.
A égua irá ovular de 24 a 48h antes dos sinais de comportamento do cio desaparecerem.
Ciclo Estral
O ciclo estral (estação da reprodução) é dividido em:
Estro (4 a 7 dias) – Fase que contém a presença do hormônio estrógeno (E2), há presença de folículo dominante, além da abertura da cérvix. É o momento da cobertura ou da inseminação artificial.
Diestro (14 a 17 dias) – Ocorre dominância de um corpo lúteo (CL), da progesterona e dos sinais comportamentais que indicam ausência de receptividade ao garanhão.
Caso a égua falhe em conceber ou que não seja coberta por um garanhão, ou até mesmo que apresente morte embrionária precoce (antes de 12 a 14 dias), o endométrio secretará prostaglandina que, por via sistêmica, afeta o corpo lúteo e induz a sua destruição (luteólise).
O CL em desenvolvimento, após a ovulação primária, tem vida útil de até 85 dias. Se o endométrio não liberar a prostaglandina, ele continuará a produção de progesterona e não sofrerá regressão.
A produção de progesterona declina em 4 a 40 horas seguintes. A égua então começa a demonstrar sinais de receptividade conforme entra em seu próximo ciclo estral.
Lembrando que há fatores que interferem na estacionalidade da égua, como: o fotoperíodo, a nutrição, a temperatura e o ambiente social em que vivem.
A puberdade ocorre entre 12 e 24 meses de idade, variando com a época do ano, raça, condição corporal e peso, bem como estímulos de garanhões e de outras éguas em estro.
Resumo dos Acontecimentos de Fisiologia
A luz captada pela retina irá fazer com que haja a diminuição de melatonina. Essa diminuição irá agir no hipotálamo que irá liberar o GnRH.
O GnRH age na adenohipófise liberando FSH e LH. Com o crescimento folicular, será liberado estradiol e este fará feedback negativo na adenohipófise (diminuindo a liberação de FSH) e feedback positivo no centro pré-ovulatório de liberação de GnRH, causando um pico de liberação de LH e ovulação do folículo.
Há também a produção de CL (que produz progesterona, hormônio que realiza a manutenção da gestação).
Após 15-16 dias (se não houver fecundação) o endométrio uterino prostaglandina F2-∝, realiza a lise do CL (luteólise) tornando possível a continuidade dos eventos cíclicos que caracterizam o ciclo estral.
LEMBRE-SE
Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure por um profissional!
Aproveitando os estudos, confira o nosso artigo sobre Tétano em equinos
Graduanda em medicina veterinária, apaixonada por cavalos e por suas ações. Amante da reprodução e neonatologia equina.
Instagram: @cpreproducao
Ótimo artigo, muito bem abordado com ótimos exemplos!!
Muito obrigado pelo comentário Lucas. Conhecimento é sempre bem-vindo
Parabéns pelo artigo. Ficou mt bom.
Obrigado Diogenes. Ficou bom demais mesmo
Muito bom
EXCELENTE MATERIAL E MUITO DIDÁTICO!!!
Que bom que tenha gostado Ireze