A adenite equina, popularmente conhecida como garrotilho, é uma enfermidade infecciosa bacteriana causada pelo Streptococcus equi. Acomete equinos de qualquer idade e sexo, sendo mais predominante em animais jovens.
A enfermidade é caracterizada pela inflamação mucopurulenta do trato respiratório anterior, ocorrendo o aumento dos linfonodos da cabeça e gerando o processo de formação de abcesso. O abecesso pode eventualmente romper, expelido pela pele ou necessitando a drenagem do conteúdo.
Esse aumento dos linfonodos é observado geralmente entre 7 a 12 dias após a contaminação do animal, juntamente com outros sinais clínicos.
O Agente Etiológico
O agente etiológico trata-se de uma bactéria β-hemolítica, anaeróbia facultativa e imóvel, com um período de incubação de 3 a 14 dias.
Forma cadeias longas de 10 a 30 cocos, possuindo catalase negativa, pertencente ao grupo C de Lancefield, com coloração Gram-positiva e que acomete apenas equídeos.
O Streptococcus equi se fixa nas células epiteliais da mucosa oral e nasal, ocorrendo a invasão nas mucosas nasofaríngeas, o que leva a uma rinite ou faringite aguda.
Não havendo o impedimento do processo inflamatório pelo sistema imunológico, o agente penetra a mucosa e o tecido linfático faríngeo.
Conforme o grau de evolução da inflamação, há formação de abscessos principalmente nos linfonodos mandibulares e retrofaríngeos, que pode acarretar a uma obstrução no local devido à pressão do excesso de pus.
Letalidade
O garrotilho é uma enfermidade extremamente contagiosa, com alta morbidade e baixa letalidade, causando grandes prejuízos econômicos em consequência ao alto custo do tratamento, podendo levar a óbito em apenas 10% dos casos.
O óbito ocorre devido à propagação dos abcessos ou púrpura hemorrágica, causadas pela concentração de anticorpos ligados à proteína M.
Em caso de confirmação da doença é obrigatório a notificação da doença a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio.
Notificação da Doença
Em caso de qualquer caso confirmado de adenite equina é obrigatório à notificação mensal, ou seja, deve ser notificada até o dia 10 do mês subsequente de acordo com a Portaria nº 0 6 3/2014.
Marco legal – IN 50 de 24/09/2013, refere ao seguinte:
“Art. 2º- § 1º A notificação da suspeita ou ocorrência de doença listada no Anexo desta IN é obrigatória para qualquer cidadão, bem como para todo profissional que atue na área de diagnóstico, ensino ou pesquisa em saúde animal.”
Deve ser realizado da seguinte forma:
“Art. 5º – A notificação junto ao serviço veterinário oficial deverá ser realizada até o dia 10 do mês subsequente do diagnóstico laboratorial positivo ou reagente ou ainda do caso confirmado de forma on-line disponível no site da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio ou pelo e-mail notifica@agricultura.rs.gov.br, utilizando o modelo padrão (Anexo IV) em formato de planilha, que poderá ser solicitado pelo interessado pelo e-mail.
§ 1º A notificação que trata esse Anexo deve ser realizada pelas pessoas e instituições descritas no Artigo 33 do Decreto Estadual 50.072/2013.
Anexo IV
Para saber mais: Secretária da Agricultura
Transmissão do Garrotilho
Sua transmissão ocorre por via oral ou nasal, podendo acontecer de forma direta ou indireta entre os animais.
- Direta – Refere-se ao contato direto, ou seja, quando um animal que está com a doença incubada tem proximidade com os sadios, podendo ocorrer até em uma simples brincadeira.
- Indireta – Quando ocorre o rompimento do abcesso há uma liberação de pus repleto de bactérias que contaminam o ambiente, ocorrendo assim a transmissão de forma indireta.
As outras maneiras de contaminação indireta se dão devido ao uso de seringas, equipamentos, alimentação contaminada e entre outros.
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos mais observados nos animais com essa afecção são:
- Febre
- Depressão
- Inapetência
- Tosse
- Anorexia
- Corrimento nasal seroso
- Letargia
- Dispneia
Com a evolução do quadro clínico, podem ser apresentadas as seguintes complicações:
- A secreção torna-se mucopurulenta;
- Visibilidade no aumento de volume dos linfonodos;
- Presença de dor na palpação mandibular;
- Formação de abcesso;
- Podem manter o pescoço baixo e estendido;
- Ter relutância ao deglutir água ou alimento
Complicações
A adenite equina possui sinais clínicos típicos de um processo infeccioso generalizado, tem uma letalidade baixa, mas que pode levar ao óbito devido à complicação como:
- Garrotilho bastardo – Refere-se a propagação da bactéria para diversos linfonodos do organismo, podendo ocorrer abcesso em qualquer região do corpo, apresentando-se mais frequente em pulmões, fígado, mesentério, rins, baço e cérebro.
Neste caso, se houver ruptura do abcesso pode ocorrer uma infecção generalizada, e consequentemente, óbito do animal.
- Púrpura hemorrágica – Trata-se de uma inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite) aguda imunomediada. É causada através da precipitação de imunocomplexos nos capilares (que são formados por anticorpos e frações de bactérias), resultando assim em severos edemas na região da cabeça, membros e outras regiões do corpo.
- Empiema das bolsas guturais – É quando há o acumulo de material purulento em uma ou em ambas as bolsas guturais, que pode ocorrer no curso clínico da doença.
Se a acumulação for de forma persistente, pode haver a aspiração do pus, formando uma massa densa e agrupada chamada de condroide.
- Pneumonia aspirativa – Refere-se quando há aspiração do pus, causando infecção pulmonar, que ocorre devido a drenagem intra-traqueal de linfonódos abscedados.
Diagnóstico
O diagnóstico é dado através de uma anamnese adequada e do exame laboratorial.
O exame é realizado a partir da coleta da secreção purulenta que está presente nos abcessos e narinas com o auxilio do swab. É necessário manter refrigerado até o momento da análise, para assim ser feito o isolamento do Streptococcus equi.
Outra técnica que pode ser utilizada é a Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), na qual é detectado o agente vivo ou morto.
Já o teste ELISA pode ser usado para verificar se há anticorpos contra a bactéria em questão. Mas o mais utilizado para o diagnóstico assertivo é o de isolamento da bactéria.
Tratamento
O tratamento é dado conforme o estágio da enfermidade. Em animais que não apresentam abcesso nos linfonodos podem ser tratados com antibacteriano como a penicilina G ou com trimetoprim em associação com sulfametaxol.
Nos animais que apresentam abcessos, pode ser feita a aplicação de substâncias revulsivas como, por exemplo, o iodo, que facilitam a maduração para depois serem pronunciados.
Em animais com quadro de complicações, é necessário um tratamento suporte, fazendo o uso de fluidoterapia, antimicrobianos e medicamentos expectorantes em dosagens superiores das recomendadas normalmente. Dessa forma, é necessária a avaliação de um médico veterinário para que ocorra um tratamento de qualidade.
Prevenção
A prevenção é o melhor método para que não ocorra a contaminação, devido se tratar de uma doença altamente contagiosa, é de extrema importância que haja a separação dos animais acometidos dos animais sadios, para que seja impedido o alastramento da infecção, e manter esses animais isolados por no mínimo quatro semanas.
A principal forma de prevenção é o manejo sanitário, como:
- A higienização dos locais onde esteve o animal;
- Limpeza dos objetos que estão presentes no local;
- Evitar que haja aglomeração com outros animais que já tiveram indícios da doença.
LEMBRE-SE
Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure por um profissional!
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Graduanda de Medicina Veterinária. Amante de equinos, amor esse que é difícil de domar! O coração aqui não bate, galopa.
Instagram: @futuravet.rebekabenevides
Parabens pelo trabalho, assunto muito impotmrtante e de grande utilidade para os apaixonados por cavalos.
Sim, com certeza! Muito obrigada.
opa