Coleta de Sêmen em Equinos – Etapas e Análise

Nos dias atuais, o garanhão é considerado um reprodutor justamente por sua “performance” em esportes equestres, incluindo sua habilidade e até mesmo a sua genealogia.
E por isso, para que haja um melhor aproveitamento do animal na reprodução, as biotecnologias são consideradas essenciais.
Uma das biotecnologias aplicadas à reprodução dos equinos é a coleta ou colheita de sêmen.

A coleta de sêmen em equinos tem sido muito utilizada para preservação e auxilia no melhoramento genético por meio da biotecnologia de inseminação artificial (IA).

Exemplo de coleta de sêmen em equinos
Coleta de sêmen
Fonte: FAEF

É recomendado que a coleta seja realizada por centrais regularizadas para que haja a garantia da comercialização do sêmen. Além disso, deve ser executada somente por profissionais especializados.

Para que serve a coleta de sêmen em equinos? Como já mencionado, a coleta de sêmen auxilia no melhoramento genético dos equinos através da IA, sendo o sêmen após coletado, utilizado na forma fresca, congelada ou refrigerada.

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Etapas durante a Coleta de Sêmen em Equinos

Para que a coleta do sêmen seja realizada de forma segura, é preciso tomar alguns cuidados antes, durante e depois do procedimento, para evitar acidentes e assegurar a qualidade do material coletado. 

Exame Físico

O exame físico é uma das etapas do exame andrológico, sendo então considerado muito importante e podendo ser realizado antes da coleta do sêmen. 

No exame, o médico veterinário deve analisar a genitália externa. Os testículos precisam ser devidamente palpados para avaliar a posição e a consistência dentro do escroto.

Também é necessário medir sua circunferência, para que qualquer possível anormalidade seja contactada.

Medição testicular de equinos
Medição da circunferência testicular

Escolher o melhor método de coleta

A coleta do sêmen equino pode ser realizada por meio de muitos métodos como:

  • Manipulação do pênis com compressas aquecidas;

  • Estímulo manual do pênis;

  • Modelos artesanais com tubos de PVC;

  • Preservativo de látex especial;

  • Camisa-de-vênus (camisinha);

  • Uma combinação de fármacos indutores de ejaculação.

Entretanto, o método mais utilizado atualmente é o da vagina artificial fechada. Os tipos de VA fechada mais utilizados no Brasil são o Hanover (um modelo alemão) e o Botupharma (um modelo brasileiro).

vagina artificial para coleta de sêmen em equinos
Modelo de vagina artificial
Fonte: Botupharma

Uma das vantagens da utilização da vagina artificial é que ela é o método mais fácil para a adaptação dos garanhões, pois envolve o comportamento parecido com o da monta natural.

Também é considerada de fácil manuseio para o médico veterinário, proporcionando uma coleta eficiente e segura para a equipe de coleta e para o garanhão.

A vagina artificial é composta por um tubo rígido, uma mucosa de látex, mucosa plástica, camisinha e um copo coletor protegido de luz.

A vagina deve ser preenchida com água quente, para permanecer com temperatura de 42-45° C para a coleta.

Coleta do sêmen

A coleta deverá acontecer em um local apropriado, onde o piso não seja liso para evitar que o garanhão, a égua em estro e a equipe se machuquem.

O piso deve ser emborrachado ou de areia.

higienização para a coleta de sêmen em equinos
Antes da coleta, o pênis do garanhão deverá ser higienizado com mantas de algodão umedecidas em água morna (aproximadamente 33º C). 

Para coletar o sêmen com a vagina artificial é preciso utilizar um manequim ou uma fêmea em estro que deverá estar contida adequadamente para evitar traumas.

A equipe responsável pela coleta, desde a hora em que o garanhão é cabresteado para realizar a monta, precisa ter muito cuidado e atenção para evitar acidentes e fazer com que a coleta seja realizada de forma calma e rotineira.

O médico veterinário deverá desviar o pênis do garanhão lateralmente e introduzi-lo na vagina artificial.

O pênis só deve ser retirado após a ejaculação, enquanto o garanhão desce da égua/manequim.

Para constatação da ejaculação podem ser verificadas as seguintes características:

  • Movimento da cauda para cima e para baixo;

  • Sapatear;

  • Contração dos músculos perineais;

  • Fluxo pulsátil da ejaculação.

Após coletado, o material recolhido precisa ser enviado para o laboratório, a fim de ser analisado.

Confira aqui a coleta sendo realizada

Separação das frações

Já no laboratório deve ser feita a separação das frações ricas em espermatozoides das frações gelatinosas do ejaculado.

O procedimento comumente utilizado é a filtragem, a qual irá reter os elementos estranhos e contaminantes bacterianos que estão presentes na parte gelatinosa.

A separação das frações deve ser realizada logo após a coleta ou até mesmo durante, com o uso de um filtro que pode ser acoplado ao copo coletor.

Após a filtragem o sêmen deve ter alguns parâmetros observados, como:

  • Concentração;

  • Volume;

  • Motilidade e outros parâmetros seminais.

O volume do ejaculado deve ser quantificado no copo de colheita e a concentração de espermatozoides será obtida com auxílio de uma câmara de Neubauer.

câmara de Neubauer
Amostra aplicada à Câmara de Neubauer
Fonte: Kasvi

Processamento do Sêmen de equinos

O sêmen pode ser utilizado assim que coletado (fresco), armazenado em baixas temperaturas para ser transportado em distâncias curtas (refrigerado) ou ainda, pode ser congelado para ser conservado por mais tempo.

Inseminação Artificial em Equinos

Na maioria das vezes, a coleta de sêmen ocorre para que seja realizada a inseminação artificial (IA) de éguas doadoras.

Atualmente, a IA tem sido muito utilizada, pois suas vantagens incluem:

  • Evitar longas distâncias com a égua doadora somente para realizar a monta;

  • Otimizar o uso dos garanhões disponíveis no mercado;

  • Diminuir a chance de contaminação.
Equinovet inseminação artificial
No módulo de reprodução do aplicativo do Equinovet, na hora de cadastrar uma reprodução, temos diversos métodos de concepção, incluindo a inseminação artificial.

Como ocorre?

O médico veterinário com a mão enluvada, pela via vaginal da égua, deverá guiar a pipeta até a passagem da cérvix e o sêmen será depositado no corpo do útero da égua.

Anatomia reprodutiva da égua
Anatomia reprodutiva da Égua
Fonte: DOC Player

Para que a IA seja realizada corretamente, a égua deve estar em cio. Além disso, para detectar essa fase do ciclo estral é necessário a rufiação ou avaliação ginecológica por palpação retal, devendo ser observados a presença ou não de folículos.

O cio dura de 5 a 7 dias e a ovulação ocorre no final deste período, sendo que a IA deve ser realizada o mais próximo possível da ovulação.

Torna-se ideal o controle folicular com acompanhamento ultrassonográfico, a fim de prever a ovulação e decidir o melhor momento para realizar a inseminação, limitando assim o número de inseminações.

De que maneira utilizar o sêmen?

Isso irá depender para qual finalidade ele será utilizado. Por exemplo:

  • Inseminar uma égua no local onde o sêmen foi coletado;

  • Inseminar uma égua em outra propriedade;

  • Realizar a preservação do material coletado.

Sêmen in natura

O sêmen in natura deve ser coletado e utilizado, sem demora, no próprio local. Entre as vantagens de seu uso podemos citar a economia do uso de diluidor.

Entretanto, como desvantagem, a qualidade espermática não é preservada. Ou seja, facilmente se perdem os parâmetros de vigor e motilidade, além do metabolismo espermático permanecer elevado.

Sêmen diluído

Já com o sêmen diluído em suas vantagens, podemos citar então:

  • O tratamento antibiótico, pois diminui a contaminação bacteriana e diluí fatores tóxicos presentes no plasma seminal;

  • Melhoria da fertilidade do sêmen, por conta do porte nutricional contido no diluidor;

  • Maior flexibilidade de inseminação, onde o sêmen depois de diluído, pode ser transportado em curtas distâncias sem necessidade de ser resfriado (se protegido dos raios solares até uma hora), sem prejuízos na fertilidade;

  • Possibilidade de fracionar o sêmen para um maior número de éguas.

O sêmen congelado tem menor habilidade em interagir com as células do oviduto da fêmea. Ou seja, sua viabilidade é mantida por menos tempo, sendo indicado que a IA seja feita de 0 a 24 horas antes da ovulação ou até 6 horas após a ovulação.

LEMBRE-SE

Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure por um profissional!

Aproveitando os estudos, confira o nosso artigo sobre anatomia e fisiologia da reprodução de éguas

Camila Pansanato

Graduanda em medicina veterinária, apaixonada por cavalos e por suas ações. Amante da reprodução e neonatologia equina. Instagram: @cpreproducao

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