Hoje decidi fugir do assunto de fisioterapia para entrar em uma doença pouco comentada, mas também de grande importância no mundo equino. Vocês já ouviram falar em Púrpura Hemorrágica em equinos? Conhecem essa doença? Sabem o que e como acontece para que um animal se contamine?
E agora, para os veterinários que estarão lendo este post, devem estar se perguntando…
Por que tanta importância? Não é uma doença rara? Nem existem muitos relatos sobre.
E de fato eu concordo. Concordo que é uma doença pouco vista, pouco descrita e pouco estudada também. Mas este fato não diminui a sua gravidade e importância, já que a mesma pode levar um animal à morte quando não atendida emergencialmente.
O que é Púrpura Hemorrágica em Equinos?
A púrpura hemorrágica é uma enfermidade que acomete equinos causando edema generalizado no corpo do animal, podendo ter enfoque nas regiões de membro, cabeça e pescoço.
Essa doença pode ter sinais intermitentes, presença de mucosas ictéricas e as mesmas com petéquias ou equimoses. Thomassian em seu livro descreve-a como não contagiosa e outros autores a denominam de Vasculite imunomediada. Por este motivo, muitas vezes pode ser confundida com outras doenças.
A púrpura ainda é uma doença pouco definida, o que se sabe é que a mesma é correlacionada a doenças infecciosas, apresentando a doença secundariamente a infecções respiratórias como a Adenite Equina (enfermidade também conhecida no mundo equestre como Garrotilho), Rhodococcus e/ou uma vacinação contra a Adenite. Há relatos que animais principalmente expostos a Streptococcus equi, reinfectados e/ou supostamente vacinados são sujeitos a uma hipersensibilidade à proteína estreptocócica.
Após esta reinfecção o animal apresenta a vasculite causada por uma reação de Hipersensibilidade do tipo III onde os imunocomplexos formados pelas proteínas e IgA circulantes são depositados na parede dos vasos sanguíneos do organismo do animal.
Quais são os sinais clínicos que o animal apresentará?
A púrpura hemorrágica não é comum entre os cavalos e os seus sinais tendem a ir de leve a grave em instantes apesar da mesma ser intermitente.
A presença dos sintomas costumam aparecer cerca de 2 a 4 semanas após uma infecção respiratória e é muito comum apresentar:
- Edema em todo o tecido subcutâneo do corpo, especialmente no rosto e membros;
- Surgimento de petéquias pelas mucosas oral, nasal, conjuntivas e genitais;
- Dor aguda (aumentando frequência cardíaca e respiratória);
- Febre;
- Dificuldade respiratória;
- Em casos graves de edema, podem também começar a apresentar feridas exsudativas nos membros.
Nas imagens selecionadas e disponibilizadas abaixo podemos observar o sinal clínico citado acima de edema generalizado.
Como podemos diagnosticar o animal?
O diagnóstico é basicamente baseado ao histórico e anamnese do animal, onde o treinador, proprietário ou responsável pelo equino conta se o mesmo havia apresentado sinais de garrotilho algumas semanas atrás, se o mesmo havia passado por tratamento e/ou se foi vacinado contra Streptococcus equi recentemente.
Além deste histórico e presença de sinais clínicos, para diagnóstico conclusivo hoje também pode ser utilizado a biópsia de pele que será capaz de mostrar sinais de vasculite nos vasos sanguíneos.
Há tratamento para a Púrpura Hemorrágica?
Sim, a resposta é que existe um tratamento para o animal. Porém, ainda é um tratamento empírico já que não existem descrito protocolos que sejam utilizados nesta doença.
É necessário um veterinário para avaliação do quadro clínico geral e específico do animal. Além disso, também é recomendado exames laboratoriais complementares. Um animal que apresenta púrpura hemorrágica pode apresentar inúmeras alterações, desde uma leve anemia devido a perda sanguínea até uma alteração de enzimas musculares.
Para que haja sucesso no tratamento é necessário averiguar hemograma, bioquímico, biópsia e ter total certeza de quais são as alterações.
O tratamento em si, visa a diminuição da resposta imune capaz de causar os sinais clínicos e também a resposta inflamatória. Além disso, é recomendado cessar a infecção instalada evitando complicações.
Também é importante monitorar e tratar complicações, incluindo laminite, pneumonia, colite e tromboflebite (vasos sanguíneos coagulados e infectados).
LEMBRE-SE
Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure por um profissional!
Aproveitando os estudos, confira o nosso artigo sobre Transferência de Imunidade Passiva em Equinos
Médica Veterinária com aprimoramento em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, Especialista em Feridas e Pós Graduanda em Fisioterapia e Reabilitação Veterinária.
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