A Osteodistrofia Fibrosa é uma enfermidade que está relacionada com um desequilíbrio nutricional, hormonal e renal, apresentando espessamento gravemente nos ossos da cabeça (mandibular, maxilar, palatino, zigomático e lacrimal), deixando o animal com a aparência de “cara inchada”.
Devido essa aparência, é conhecida popularmente por “doença da cara inchada” (ou Hiperparatireoidismo Secundário Nutricional).
Acomete mais comumente equinos, podendo ocorrer também em bovinos e caprinos.
Introdução a Osteodistrofia Fibrosa
Essa enfermidade metabólica é relacionada com o sistema locomotor, caracterizando pela baixa densidade óssea, devido à deficiência do cálcio (Ca).
Constitui-se com um distúrbio de repercussão óssea, existindo uma diminuição na densidade mineral por uma acentuada reabsorção óssea, causando essa deficiência.
Pode ocorrer de forma primária ou secundária, levando a modificação do tecido fibroso e a formação de cisto.
Por que ocorre?
Conforme estudo do IBGE de 2014, no Brasil há aproximadamente 5,4 milhões de equinos e dentro desse valor 3,9 milhões são de lida (trabalho).
Pelo baixo investimento na criação, as suplementações desses cavalos de trabalho ficam em segundo plano, o que acarreta em uma nutrição desequilibrada, tornando essa enfermidade a mais comum entre eles.
A doença pode ocorrer por serem oferecidos na alimentação os capins com o oxalato, como a “Brachiaria humidicola”, que é um capim muito encontrado no Brasil.
Essa substância unida com o cálcio forma um quelato, impedindo o organismo de exercer funções vitais.
Além disso, a enfermidade pode ocorrer devido a:
- Ausência de cálcio na alimentação;
- Excesso de fósforo;
- Deficiência de vitamina D (nesse último caso ocorre mais em equinos estabulados tornando imprescindível que eles tomem sol durante um tempo, todos os dias).
Com o desequilíbrio endócrino, sucede o aumento da liberação do hormônio PTH (paratormônio), o qual tem a função de retirada do cálcio dos ossos e liberar na corrente sanguínea.
O excesso do Fósforo (P) faz com que o Cálcio (Ca) dos ossos seja extraído para que ocorra o equilíbrio na relação entre Ca e P.
Os ossos da face são os primeiros a serem atingindo nessa extração, causando um excessivo espessamento de tecido conjuntivo e osteóide devido estímulos dos osteoblastos.
Essa retirada de cálcio dos ossos faz com haja uma alteração de tecido ósseo por tecido fibroso, apresentando maior volume no rosto.
Qual é a alimentação ideal na Osteodistrofia Fibrosa?
Na alimentação do equino, o ideal é:
- Oferecer uma relação de cálcio e fósforo de aproximadamente 1:1, e evitar uma relação 1:3 ou menor.
- Ofertar pastagens que não contêm oxalatos.
- Não disponibilizar alimentos ricos em farelo de trigo e milho.
Mesmo com uma suplementação adequada, há risco em desenvolverem a osteodistrofia fibrosa, devido os suplementos possuírem o cálcio em sua forma inorgânica e nesse aspecto, ele têm menor biodisponibilidade.
Portanto, uma opção para prevenir, é o consumo do cálcio em sua forma orgânica, em consequência de sua maior biodisponibilidade para o organismo do equino. Esse método torna a absorção mais rápida e, por conseguinte, faz a redução das ligações do cálcio com os ácidos oxálicos.
Quais os sinais clínicos?
Os equinos jovens apresentam sintomas mais evidentes comparados com os adultos, mas de modo geral ambos manifestam perda de matriz óssea, deixando um aspecto “mole”.
Essa alteração pode ser associada com:
- Obstrução da passagem nasal
- Ruído em uma das vias superiores
- Queda dos dentes
- Perda de peso
- Mastigação anormal
- Queda no consumo alimentar
- Queda no desempenho do trabalho
- Claudição alternantes e insidiosa
- Exostose em pontos de periostite
- Deformação da coluna
- Fratura e encurvamento dos membros, devido à desmineralização óssea
- Éguas gestantes costumam ficar em decúbito permanente
- Garanhões com problemas para montar
Diagnóstico da Osteodistrofia Fibrosa
O diagnóstico se dá através de uma anamnese detalhada verificando:
- Qual o tipo de alimento oferecido;
- Local onde o animal permanece;
- Frequência de exposição ao sol;
- Exame físico minucioso para avaliação de claudicação, verificar a respiração, analisando os ruídos e observar os ossos da face.
O diagnóstico pode ser concluído apenas com essa anamnese, mas se caso não conclusivo, pode ser avaliado por exame de sangue para a análise dos níveis de fosfatase alcalina e a concentração plasmática de paratormônio (PTH), além da deficiência do cálcio.
Outro exame realizado é o raio-x, que indicará se existe a deficiência de Ca.
Qual o Tratamento?
O tratamento requer:
- Equilíbrio na dieta;
- Regularização do metabolismo mineral com o equilíbrio Ca e P;
- Suspensão de alimentos ricos em farelo de trigo e milho;
- Suplementação de cálcio (em éguas prenhas, é indicado o consumo extra de Ca, principalmente no fim da gestação, para não ocorrer a retirada do mineral dos ossos).
- Permitir que o equino tenha acesso ao sol diariamente;
- Alimentação com pasto de qualidade que são pobres em oxalato.
Com a doença avançada, o prognóstico não é favorável.
Isso se dá ao fato do comprometimento do sistema vital do animal, principalmente quando há implicação no sistema respiratório ou digestório.
Com o comprometimento do sistema vital, a única solução é a eutanásia do animal, dependendo do grau que deverá ser avaliado por um médico veterinário no local.
LEMBRE-SE
Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure por um profissional!
Aproveitando os estudos, confira o nosso artigo sobre a importância da odontologia equina
Graduanda de Medicina Veterinária. Amante de equinos, amor esse que é difícil de domar! O coração aqui não bate, galopa.
Instagram: @futuravet.rebekabenevides
Parabéns a Dra. Rebeka pelo conteúdo e a forma em como esta assunto tão importante é apresentado. e parabéns a equipe EQUINOVET pela iniciativa e divulgação!
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Muito obrigado pelos elogios Diogenes 🐴