Sexagem Fetal em Equinos – Tipos e Vantagens para os Criadores

A sexagem fetal em equinos é nada mais que a determinação do sexo do embrião, por meio de técnicas bem estabelecidas, realizada em algumas fases da gestação, por um Médico Veterinário capacitado. 

Quais são as técnicas a serem realizadas?

Quais as vantagens de se saber o sexo do concepto?

Confira mais no artigo a seguir:

sexagem fetal em equinos
Fonte: Revista Horse

Tipos de Sexagem Fetal em Equinos

Identificação pelo Tubérculo Genital – Realizada entre 40 e 68 dias de gestação.

Identificação pelas Gônadas e Genitália – Realizada entre 90 e 220 dias de gestação.

Sexagem Fetal pela detecção de DNA fetal – Realizada nos últimos 3 meses de gestação.

Identificação pelo Tubérculo Genital 

O tubérculo genital consiste em processo embrionário, identificado no ultrassom por uma estrutura hiperecogênica, bilobulada, com formato oval e alongado, medindo aproximadamente dois milímetros de comprimento.

Esse processo embrionário dará origem ao pênis nos machos e ao clitóris nas fêmeas, sendo assim, sua observação no feto é realizada entre 40 a 54 dias de gestação. Alguns autores preferem que seja realizada entre 59 a 68 dias após a ovulação, pois a migração já está melhor definida, gerando uma sexagem mais acurada.

Após 75 dias a visualização da estrutura, assim como do feto, fica dificultada, principalmente pela quantidade de fluido no útero, levando o feto a posições mais ventrais. 

tecnicas sexagem fetal em equinos
Sexagem fetal, pela técnica de identificação do tubérculo genital.

(A) Representação esquemática e foto de uma sexagem de feto fêmea.
(B) Representação esquemática e foto de uma sexagem de feto macho.
 
Ca: cauda;
T: tíbias;
TG: Tubérculo genital. 

Fonte: BUSATO, 2018.

A posição inicial do tubérculo é na região entre os membros posteriores, mas durante a diferenciação desloca-se em direção ao cordão umbilical nos machos e em direção a base da cauda nas fêmeas.

Por ter várias estruturas muito parecidas com o tubérculo, a ultrassonografia deve ser realizada de forma guiadas por alguns pontos, como:

  • Identificação do coração (batimentos cardíacos);

  • Cordão umbilical (detecção da pulsação),

  • Membros pélvicos e cauda.

Com todas estruturas bem visualizadas, realiza-se a identificação do tubérculo. Recomenda-se avaliação da estrutura de no mínimo três vezes para uma assertividade.

Em cortes transversais há visualização da cauda, das duas tíbias, formando um triângulo, que nas fêmeas o tubérculo será identificado no meio, mas nos machos não haverá visualização da estrutura na região. Dessa forma, o transdutor deve ser movido cranialmente até a visualização do tubérculo entre os membros pélvicos e o cordão umbilical. 

Dificuldades do Exame

Pode ser feita a confusão no momento da identificação dos tubérculos com os ossos da pelve, mal posicionamento do transdutor em relação ao feto, éguas não cooperativas e o posicionamento do feto, principalmente, pois este exerce muita influência no sucesso do exame.

Quando a posição do feto não é adequada ou o feto apresenta muita mobilidade, o exame deve ser interrompido e realizado em outro momento ou aguardar uns instantes para ver se o feto se posiciona melhor. 

A eficiência da técnica depende muito da experiência do Médico Veterinário que está realizando, mas também de todos os fatores citados acima.

Geralmente varia entre 65 a 89% de assertividade, mas podendo chegar a valores próximos de 100%. 

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Fonte: BUSATO, 2018.

Identificação pelas Gônadas e Genitália 

A determinação do sexo fetal nessa técnica consiste na visualização dos testículos, prepúcio ou pênis nos machos e ovário e glândula mamária nas fêmeas.

O exame deve ser realizado na fase gestacional entre 90 a 220 dias de gestação, por ultrassonografia transretal ou transabdominal. Aos 90 dias a abordagem é dificilmente realizada pela grande quantidade de fluido alantoideano e o feto é pequeno; entre 100 a 150 dias, com o crescimento fetal a identificação das estruturas torna-se mais precisas em 90% dos exames

Para uma boa identificação deve-se realizar a localização da cabeça, tórax, coração, estômago e alças intestinais, determinando direção cranial e caudal do feto. Deve ser realizada a varredura do abdômen e região pélvica para identificação dos órgãos sexuais.

Machos

O prepúcio nos machos pode ser visibilizado como uma estrutura cônica, contendo duas linhas hiperecóicas paralelas, caudalmente a inserção do cordão umbilical. Os testículos são estruturas são ovóides, medindo de 2 a 7 cm de comprimento (depende da fase gestacional), com parênquima de textura homogênea e uma fina linha hiperecogênica central e estão localizados caudoventral do abdômen. 

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Imagens ultrassonográficas das gônadas fetais de equinos aos 120 dias de gestação.

(a) Gônada fetal masculina (testículo-setas) com o parênquima homogêneo e uma fina linha ecogênica central (Med -mediastino testicular);

(b) Gônada fetal feminina (ovário-setas) com as camadas medular (Me) e cortical (Co) bem delimitadas.

Fonte: Researchgate

Fêmeas

Já nas fêmeas a glândula mamária pode ser visibilizada na região ventral do animal, caudal a inserção do cordão umbilical, sendo uma das melhores estruturas para identificação. Possui uma forma triangular bilobulada; os ovários também possuem formatos ovais, localizados caudoventral no abdômen. Apresentam duas regiões distintas, o centro mais hiperecóico (camada cortical) e a periferia mais homogênea (camada medular). 

Com a tecnologia e os avanços dos aparelhos de ultrassom, com a função Colour Doppler, permite-se uma melhor identificação através da identificação da veia testicular e plexopiniforme nos machos, e nas fêmeas a vascularização entre as camadas cortical e medular nos ovários. 

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Figura esquemática mostra a identificação das gônadas (Go) do feto macho (A) e a da fêmea (B). 
Fonte: Colégio Brasileiro de Reprodução Animal. 

Sexagem Fetal pela detecção de DNA fetal 

Técnica não invasiva que determina o sexo por meio de ferramentas de biologia molecular, como o PCR (reação em cadeia da polimerase).

Este método fornece resultados mais sensíveis precisos, confiáveis e rápidos.

A diferenciação sexual ocorre pela determinação da presença ou ausência do cromossomo Y e pela expressão do gene SRY (sex determining region Y). Quando há presença desses fatores determina o sexo masculino e a ausência determina feminino.

Para que esse diagnóstico seja feito pelo plasma materno, codificando DNA fetal livre, oriundo de lises celulares e apoptose (morte programada das células) dos tecidos fetais, que transpõem a barreira placentária; foram feitos estudos em éguas nos 3 últimos meses de gestação com especificidade de 90%. 

Portanto, quando bem estabelecida e difundida, por ser uma técnica não invasiva e possuir mínimos riscos para a égua e para o feto, torna-se uma ferramenta muito importante para meio de diagnóstico

Vantagens da Sexagem Fetal

Pode ser utilizada como ferramenta de gestão para auxiliar nas tomadas de decisões pelos criadores, definindo:

  • Gastos futuros de criação e outros detalhes relacionados à vida do cavalo.

  • A venda de certos animais, assim como seu valor de venda no mercado;

  • Nortear futuros acasalamentos, sendo que alguns garanhões produzem fêmeas de qualidade ou melhores machos.

Lembrando que o exame deve ser utilizado como diagnóstico fetal e não para seleção fetal. 

LEMBRE-SE

Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure por um profissional!

Aproveitando os estudos, confira o nosso artigo sobre Transferência de Imunidade Passiva em Equinos

Mikaela Pimenta

Sou Médica Veterinária. Atuo com Reprodução Equina, com muito amor e dedicação por essa área maravilhosa. Instagram: @unihorse_

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